Foi-me solicitada
uma crônica sobre a viagem que me impediu de postar, seguindo minha
regularidade dominical, no último final de semana. O frio, o vento, os livros,
as pedras, a poesia, a literatura, o Drummond. Tais elementos foram os temas
propostos. Acho que não conseguiria escolher um em específico. Todos
contribuíram para que fosse uma viagem interessante e agradavelmente literária.
Explico: refiro-me à cidade de Paraty, que abrigou a décima edição da FLIP
(Festa Literária Internacional de Paraty).
Como é peculiar a
essa época do ano, o frio esteve presente em boa parte do tempo. Então, para
aqueles que buscavam o desfrute de um mergulho no mar gelado e um tanto quanto
revolto, ir para essa histórica cidade do estado do Rio de Janeiro não era um
bom programa. O clima de inverno trazido pelo vento constante permitiu que um
certo charme envolto em cachecol fosse dado ao ambiente literário ali
instalado. A FLIP, sem frio, seria um erro.
Pendurados nas
árvores, nas janelas das casas, nas prateleiras, nas mesas dos cafés e
restaurantes, na mão dos mediadores e escritores. Os livros estavam em toda a
parte. Alguns eram divulgados por seus próprios escritores, que faziam sua
propaganda pessoalmente pelas ruas, já que não possuíam todo o glamour e apelo
comercial dado pelas grandes editoras. Foram autografados, lidos, comentados.
Os autores que tentaram se colocar à frente de sua obra de arte, não foram
felizes em suas apresentações.
O contato dos leitores com seus referenciados escritores é, também, o tempero essencial do festival. Encontrar por acaso (ou mesmo nas mesas de autógrafos que se sucediam aos debates) aqueles que nos fazem sonhar e vibrar por meio de seus escritos é algo fascinante. Como blogueiro e cronista amador, ansiava pela palestra (com ares de stand up comedy) da jornalista velha de guerra, na Casa Folha, Barbara Garcia. E como leitor fanático de romances urbanos e sertanejos, muito esperava pelo encontro com Rubens Figueiredo e Francisco Dantas (esse último, conheci ali mesmo, por meio de um sensacional carisma sergipano, que me levou a adquirir Os Desvalidos, talvez o seu mais aclamado livro). Todas as expectativas foram positivamente correspondidas. Foi muito bom ouvir da própria boca (suja?) de Barbara os conflitos que enfrentou nos bastidores da imprensa, e saber que Rubens Figueiredo considera sua função de professor do ensino médio mais realizadora do que a de escritor.
O homenageado deste ano foi ninguém mais, ninguém menos, mas alguém que dispensa apresentações: o eterno e imortal poeta Carlos Drummond de Andrade. Assim como no poema No meio do caminho, havia não apenas uma, mas várias pedras no trajeto de quem vagava em busca das homenagens e exposições sobre o poeta pelas históricas e patrimoniais ruas de Paraty. Mas tal esforço era demasiadamente compensado. Cada intervenção sonora, visual ou escrita provava que não é necessário se utilizar de palavras rebuscadas e rimas complexas para se fazer poesia. A poesia de Drummond, aliás, está muito além do "gostar ou não de poesia". Ela é extremamente profunda em sua simplicidade. Resvala na prosa, na crônica, no conto. É universal. Ninguém passa imune por ela.
O contato dos leitores com seus referenciados escritores é, também, o tempero essencial do festival. Encontrar por acaso (ou mesmo nas mesas de autógrafos que se sucediam aos debates) aqueles que nos fazem sonhar e vibrar por meio de seus escritos é algo fascinante. Como blogueiro e cronista amador, ansiava pela palestra (com ares de stand up comedy) da jornalista velha de guerra, na Casa Folha, Barbara Garcia. E como leitor fanático de romances urbanos e sertanejos, muito esperava pelo encontro com Rubens Figueiredo e Francisco Dantas (esse último, conheci ali mesmo, por meio de um sensacional carisma sergipano, que me levou a adquirir Os Desvalidos, talvez o seu mais aclamado livro). Todas as expectativas foram positivamente correspondidas. Foi muito bom ouvir da própria boca (suja?) de Barbara os conflitos que enfrentou nos bastidores da imprensa, e saber que Rubens Figueiredo considera sua função de professor do ensino médio mais realizadora do que a de escritor.
O homenageado deste ano foi ninguém mais, ninguém menos, mas alguém que dispensa apresentações: o eterno e imortal poeta Carlos Drummond de Andrade. Assim como no poema No meio do caminho, havia não apenas uma, mas várias pedras no trajeto de quem vagava em busca das homenagens e exposições sobre o poeta pelas históricas e patrimoniais ruas de Paraty. Mas tal esforço era demasiadamente compensado. Cada intervenção sonora, visual ou escrita provava que não é necessário se utilizar de palavras rebuscadas e rimas complexas para se fazer poesia. A poesia de Drummond, aliás, está muito além do "gostar ou não de poesia". Ela é extremamente profunda em sua simplicidade. Resvala na prosa, na crônica, no conto. É universal. Ninguém passa imune por ela.
Assim como na
agenda cultural nacional, a FLIP também já entrou para a de todos os amantes de
literatura que vivem ou não no Brasil. Ano que vem, espero encarar, mais um
vez, as pedras de Paraty.
Murilo Reis
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